Scan barcode
A review by beabaptistaa
Poemas escolhidos by Mário de Sá-Carneiro
dark
emotional
funny
reflective
sad
fast-paced
- Plot- or character-driven? N/A
- Strong character development? N/A
- Loveable characters? N/A
- Diverse cast of characters? N/A
- Flaws of characters a main focus? N/A
3.5
mais uma leitura melancólica e depressiva do meu amigo mário de sá carneiro, agora em poesia. achei um texto bastante acessível, mesmo para alguém que não está habituado a ler e interpretar poesia (eu). fascina-me como é que 100 anos depois, temas como a solidão, desamores, a validação social e problemas de comunicação, continuam a assombrar-nos com a mesma intensidade.
uma mente fora da caixa, que se sentia incompreendido, sá carneiro espelha na sua obra as influências de oscar wilde e, apesar de póstumo, esta coleção lembrou-me bastante de <i>nausea</i> de jean paul sartre, com as sucessivas menções de paris e dos seus cafés, como pano de fundo para reflexões filosóficas sobre o nosso interior e a vida.
apesar de, no geral, a maioria destes poemas não ser memorável, repetindo demasiado as mesmas ideias, gostei desta introdução à sua poesia e não consigo deixar de recomendar, por ser um livro tão pequenino. deixo de seguido excertos do meu preferido <i>SERRADURA</i>:
<blockquote><i>A minha vida sentou-se
E não há quem a levante
E ei-la, a mona, lá está,
<b>Estendida, a perna traçada,
No infindável sofá
Da minha Alma estofada.
Dentro de mim é um fardo
Que não pesa, mas que maça:
O zumbido dum moscardo,
Ou comichão que não passa.</b>
Isto assim não pode ser...
Mas como achar um remédio?
- P'ra acabar este intermédio
Lembrei-me de endoidecer:
<b>Vou deixá-la - decidido -
No lavabo dum Café,
Como um anel esquecido.
É um fim mais raffiné.</b>
— SERRADURA</blockquote></i>
<b>a minha review de cada poema:</b> ─────── ☽ •
<i>1. DISPERSÃO — 1914</i><blockquote>
Partida: 2/5
<b>Escavação</b>: 4/5
<b>Álcool</b>: 4/5
<b>Dispersão</b>: 4/5
Quase: 3.5/5
<b>Como eu não possuo</b>: 4/5
Rodopio: 3/5
A Queda: 3.5/5 </blockquote>
<i>2. INDÍCIOS DE OIRO — 1916</i>
<blockquote>Epígrafe: 3/5
Salomé: 2/5
Certa voz na noite, ruivamente: 2/5
7: 3.5/5
Vislumbre: 3/5
Anto: 2/5
A Inigualável: 2/5
Abrigo: 3/5
Cinco Horas: 3.5/5
<b>Serradura</b>: 5/5
O Lord: 2/5
<b>O Recreio</b>: 4/5
Pied-de-Nez: 3/5 </blockquote>
<i>3. OS ÚLTIMOS POEMAS DE MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO</i>
<blockquote><b>Caranguejola</b>: 4/5
Crise Lamentável: 3.5/5
Aqueloutro: 2/5
Fim: 2/5
Manucure: 3/5
Apoteose: 3/5 </blockquote>
<b>excertos do meus poemas preferidos: </b> ─────── ☽ •
<i><blockquote>Quero reunir-me, e todo me dissipo -
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo p'ra além...
Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
Que droga foi a que me inoculei?
Opio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?
— ÁLCOOL
Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo...
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?...
— COMO EU NÃO POSSUO
Não me pude vencer, mas posso-me esmagar,
- Vencer às vezes é o mesmo que tombar -
Tombei...
E fico só esmagado sobre mim...
— A QUEDA
Nos cafés espero a vida
Que nunca vem ter comigo:
- Não me faz nenhum castigo,
Que o tempo passa em corrida.
— CINCO HORAS
Na minha Alma há um balouço
Que está sempre a balouçar -
Balouço à beira dum poço,
Bem difícil de montar...
- E um menino de bibe
Sobre ele sempre a brincar...
Se a corda se parte um dia,
(E já vai estando esgarçada),
Era uma vez a folia:
Morre a criança afogada...
- Cá por mim não mudo a corda
Seria grande estopada....
— O RECREIO
De aqui a vinte anos a minha literatura talvez se
[entenda;
E depois estar maluquinho em Paris, fica bem, tem
[certo estilo...
— Caranguejola
Gostava tanto de mexer na vida,
De ser quem sou - mas de poder tocar-lhe...
E não há forma: cada vez perdida
Mais a destreza de saber pegar-lhe.
— CRISE LAMENTÁVEL</blockquote> </i>
<b>boas leituras!</b> ─────── ☽ •
uma mente fora da caixa, que se sentia incompreendido, sá carneiro espelha na sua obra as influências de oscar wilde e, apesar de póstumo, esta coleção lembrou-me bastante de <i>nausea</i> de jean paul sartre, com as sucessivas menções de paris e dos seus cafés, como pano de fundo para reflexões filosóficas sobre o nosso interior e a vida.
apesar de, no geral, a maioria destes poemas não ser memorável, repetindo demasiado as mesmas ideias, gostei desta introdução à sua poesia e não consigo deixar de recomendar, por ser um livro tão pequenino. deixo de seguido excertos do meu preferido <i>SERRADURA</i>:
<blockquote><i>A minha vida sentou-se
E não há quem a levante
E ei-la, a mona, lá está,
<b>Estendida, a perna traçada,
No infindável sofá
Da minha Alma estofada.
Dentro de mim é um fardo
Que não pesa, mas que maça:
O zumbido dum moscardo,
Ou comichão que não passa.</b>
Isto assim não pode ser...
Mas como achar um remédio?
- P'ra acabar este intermédio
Lembrei-me de endoidecer:
<b>Vou deixá-la - decidido -
No lavabo dum Café,
Como um anel esquecido.
É um fim mais raffiné.</b>
— SERRADURA</blockquote></i>
<b>a minha review de cada poema:</b> ─────── ☽ •
<i>1. DISPERSÃO — 1914</i><blockquote>
Partida: 2/5
<b>Escavação</b>: 4/5
<b>Álcool</b>: 4/5
<b>Dispersão</b>: 4/5
Quase: 3.5/5
<b>Como eu não possuo</b>: 4/5
Rodopio: 3/5
A Queda: 3.5/5 </blockquote>
<i>2. INDÍCIOS DE OIRO — 1916</i>
<blockquote>Epígrafe: 3/5
Salomé: 2/5
Certa voz na noite, ruivamente: 2/5
7: 3.5/5
Vislumbre: 3/5
Anto: 2/5
A Inigualável: 2/5
Abrigo: 3/5
Cinco Horas: 3.5/5
<b>Serradura</b>: 5/5
O Lord: 2/5
<b>O Recreio</b>: 4/5
Pied-de-Nez: 3/5 </blockquote>
<i>3. OS ÚLTIMOS POEMAS DE MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO</i>
<blockquote><b>Caranguejola</b>: 4/5
Crise Lamentável: 3.5/5
Aqueloutro: 2/5
Fim: 2/5
Manucure: 3/5
Apoteose: 3/5 </blockquote>
<b>excertos do meus poemas preferidos: </b> ─────── ☽ •
<i><blockquote>Quero reunir-me, e todo me dissipo -
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo p'ra além...
Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
Que droga foi a que me inoculei?
Opio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?
— ÁLCOOL
Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo...
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?...
— COMO EU NÃO POSSUO
Não me pude vencer, mas posso-me esmagar,
- Vencer às vezes é o mesmo que tombar -
Tombei...
E fico só esmagado sobre mim...
— A QUEDA
Nos cafés espero a vida
Que nunca vem ter comigo:
- Não me faz nenhum castigo,
Que o tempo passa em corrida.
— CINCO HORAS
Na minha Alma há um balouço
Que está sempre a balouçar -
Balouço à beira dum poço,
Bem difícil de montar...
- E um menino de bibe
Sobre ele sempre a brincar...
Se a corda se parte um dia,
(E já vai estando esgarçada),
Era uma vez a folia:
Morre a criança afogada...
- Cá por mim não mudo a corda
Seria grande estopada....
— O RECREIO
De aqui a vinte anos a minha literatura talvez se
[entenda;
E depois estar maluquinho em Paris, fica bem, tem
[certo estilo...
— Caranguejola
Gostava tanto de mexer na vida,
De ser quem sou - mas de poder tocar-lhe...
E não há forma: cada vez perdida
Mais a destreza de saber pegar-lhe.
— CRISE LAMENTÁVEL</blockquote> </i>
<b>boas leituras!</b> ─────── ☽ •